terça-feira, janeiro 29, 2008

Coisas


Mórbidas curiosidades do ser que delimitam vontades e abrem no espaço infinito mil forças revoltas, amargos retratos, repulsas visíveis pelos olhos cansados da guerra.
Quero mundos vazios, pretos e brancos, espaços tranquilos e vozes que me gritam docemente no escuro de um sonho tranquilo.
Quero o som de uma lágrima, a cor de um desejo reprimido, recuso ver abertos os passos meus no eco da estrada imensa caminhada, pisada pelo voo raso de um suspiro último. Quero o negro... quero o silêncio...
Ignoro as voltas que o mundo dá. Desejo para mim a solidão de quem está só, amo a sombra de mim na humidade das pedras vazias.
Sublimes voltas giradas em torno de uma vida pequena, da mísera condição humana, reles carne do corpo deslocado, caído esquecido da própria existência.
Quero o sangue escuro em todas as tonalidades, compungentes sentimentos, marcas que queimam o frio da mão pesada, mortificada.
Quero abrir-me como um livro e deliciar-me na leitura de infinitos caracteres rasgados com a raiva do tempo. Quero ler-me, saber o nada e esquecer. Conhecer o âmago das coisas.
Como que coisas? Sim, simplesmente... coisas!

2008

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