quinta-feira, junho 12, 2008

Inconsistências


Quão inconstante a consistência da certeza!
A dúvida, aquando persistente, consome inquietos os espíritos que, outrora sábios, dormem sonhados na figura vida.
Os caminhos, largos passos na calçada fria, lançam às estrelas o olhar queimado da fé, entorpecida sem os pés que os soltam dos sons desaparecidos ao sol escurecido pela poeira feita.
Quando as asas negras do monte vazio na paisagem riscada, arrancadas de raiz num suspiro arranhado à goela de um coração que bate sangrado, voam despidas, sozinhas nas horas quebradas do eco silêncio e levam às mãos suadas do beijo a luz ardente, perdida.
Nas gotas de pedra, chovem dos céus as raivas dos mortos comidos na terra, contidos de juras e falsos desejos pedidos ao pecado dos homens.
Dentro dos corpos selvagens dos puros, os olhos dos anjos vestidos de luto na imensidão do ar renascido, choram a dor das lágrimas de ferro no ventre escondidas.
Assim corre o sangue rasgado à faca nas veias frias que ressuscitam e vive na marca ferida do peito a incerteza... o golpe!

2008